O palco New Dance Order. Foto: Gui Urban/Divulgação
* Por Danilo Bencke
** Edição e revisão: Flávio Lerner
O Rock in Rio 2019 mal acabou e já está deixando saudades. Shows espetaculares, artistas consagrados, sistema de som impecável e muitos fãs satisfeitos. Contudo, uma coisa chamou muita atenção: a pista eletrônica New Dance Order.
Em outras épocas menosprezada e por vezes dispensada (até por se tratar de um festival de rock), nesta edição ela foi um ponto alto e ajudou a mostrar todo o potencial da cena eletrônica no Brasil. Cheia ou lotada em todos os momentos, ela concorreu com bandas famosas, headliners que deveriam ser a atração principal e centro dos holofotes, mas que não foram suficientes para tirar os fãs daquele palco.
O mais interessante foi ver artistas nacionais sendo prestigiados e elevados ao patamar de superstars, batendo de frente com os gringos em todos os sentidos. Artistas como ILLUSIONIZE, Felguk, Chemical Surf e Cat Dealers lotaram suas pistas e entregaram um show que agradou não só aos fãs presentes, mas também aqueles que assistiam pela televisão.
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De fato, muitos dos que foram ao Rock in Rio simplesmente ignoraram os outros palcos e outras bandas para curtirem ao máximo as apresentações da pista eletrônica, que teve o lineup recheado de boas atrações em todos os dias. E teve de tudo — do deep do Bruno Be ao trance do Wrecked Machines, do techno da BLANCAh ao tech house do FractaLL; todos os estilos foram muito bem representados pelos artistas que passaram por lá e quebraram tudo.
Isso sem falar do maravilhoso encontro de gerações. DJs consagrados há muitos anos, como Meme, Marlboro, Roger Lyra e Gabe dividindo espaço com os meninos da novíssima geração, como KVSH, Liu e JØRD, entre outros. Todos com seu espaço e seu público, o que mostra a diversidade e a longevidade da cena, com fãs novos e antigos sendo agraciados com muita música boa.
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Mas como só o artista não faz milagres, outro fator fundamental para o sucesso da pista eletrônica foi o sistema de som. Vindo diretamente do Palco Mundo da edição anterior, o som proporcionado pelo JBL VTX estava limpo, alto e pesado como qualquer amante da música eletrônica sonha. Muitos inclusive chegaram a fazer comparação direta com o som do Tomorrowland na Bélgica, que é simplesmente o suprassumo e a referência quando se trata de um evento do gênero.
Em suma, se havia alguma dúvida com relação ao potencial da cena eletrônica brasileira, essa dúvida não existe mais. Esta é a prova de que com uma boa estrutura e um bom lineup, conseguimos fazer um dos maiores espetáculos do planeta, pois já temos o melhor público. Agora fica o gostinho de quero mais para os próximos festivais, que devem ter este como um parâmetro de referência de qualidade a superar.
* Danilo Bencke assina a coluna da AIMEC na Phouse.